A evocação da narrativa bíblica da Paixão de Cristo, da morte e do para além da morte, da transfiguração humana ou do milagre divino, inspirou – e continua a inspirar – muitos compositores, crentes ou não crentes. Os dois Concertos de Páscoa de 2023 apresentam formas contrastantes de devoção profunda ou êxtase humano perante o mistério da morte.

O cancioneiro popular – português e não só – tem uma quantidade enorme de músicas dedicadas à estação em que tudo se renova. Vamos, nesta oficina, conhecer e cantar algumas dessas canções e celebrar desta forma a entrada na Primavera.

Uma oficina povoada por personagens maravilhosas e cenários mirabolantes,
com música do génio de Salzburgo e muita brincadeira.

Seguimos a viagem pelo registo das intervenções comunitárias realizadas em municípios da Área Metropolitana do Porto no âmbito do projecto Holograma. Depois do vol. 1, já editado em 2022, é tempo de olhar para os espectáculos que se sucederam.

A música é uma das mais poderosas ferramentas de inclusão social. Criado no âmbito do projecto Holograma que levou formadores do Serviço Educativo a trabalhar com a CERCI de São João da Madeira, este concerto tem como ponto de partida a própria cidade: a sua indústria, as suas tradições e as suas gentes.

As últimas sete palavras de Jesus Cristo é uma das muitas encomendas que Haydn recebeu de vários países da Europa quando alcançou o estatuto de maior compositor vivo do seu tempo. Tendo obtido grande sucesso na época, permanece como uma das obras mais apreciadas do repertório Clássico.

Trio formado na rua, mas já com actuações pelos quatro cantos do mundo, os Old Time Rags, que dividem o seu tempo entre Portugal e o Reino Unido, tocam criações próprias, usando uma inesperada panóplia de instrumentos (banjo, kazoo, harmónicas, tábuas de lavar, colheres, etc.), e animadas versões de temas jazz e blues de Nova Orleães.

Após concluir o curso de guitarra jazz no Conservatório de Música da Jobra, com apenas 18 anos Joana Almeirante integrou a banda de Miguel Araújo, de que ainda faz parte. Em nome próprio lançou, no ano passado, o EP Ilusão – que teve como singles “Mera Ilusão”, “Bem Me Quer” e “Tão Cedo Não É Amanhã” – e prepara agora o seu álbum de estreia.

Embaixadores do funaná e uma das maiores bandeiras da música de Cabo Verde, os Ferro Gaita são sinónimo de energia explosiva e contagiante. O nome foi inspirado em dois instrumentos tradicionais do arquipélago: um pedaço de metal tocado com uma faca e uma espécie de acordeão. Ao vivo, o grupo transpira instinto, sensualidade e festa.

José Cid regressa à Casa da Música para um concerto centrado no álbum 10.000 anos depois entre Vénus e Marte, um marco histórico do rock progressivo a nível mundial. Na companhia do seu octeto e da Orquestra do Norte, o prolífico compositor de canções prepara uma noite épica e inesquecível.

Composto por músicos graduados das melhores faculdades da Europa, o Quarteto Quíron, cujo nome remete para a mitologia grega, foi formado em 2020 mas conta já com passagens por palcos de diversos países e festivais internacionais.

Jorge Cruz passou as últimas décadas a aproximar o legado da música tradicional portuguesa às referências anglo-saxónicas, dentro de um espírito DIY. Escreveu para vozes femininas como Ana Moura, Gisela João, Ana Bacalhau, Cristina Branco ou Mariza Lis. Regressa agora aos palcos, a solo, com temas da sua discografia, algumas versões e surpresas indiciadoras de um novo disco a caminho.

São ambos cubanos, mas o violoncelista Yaniel Matos vive no Brasil e o pianista Victor Zamora em Portugal. Juntos tocam temas originais e releituras de clássicos do seu país. Um repertório ousado, rítmico, com texturas contemporâneas e cores do latin jazz.

No ano em que se despede dos palcos, Leopold Hager faz questão de voltar ao Porto para dirigir o seu amado Bruckner, dedicando à Orquestra e ao público um dos seus expoentes máximos, a Oitava Sinfonia. Um concerto de homenagem merecida a um grande maestro e a um amigo.

BRANKO DJ SET
TENDENCY
ZENGXRL
ATARI 666

Quatro propostas de pista, em diferentes registos, para dançar a noite inteira. Do warm up de Atari 666, entre o rock alternativo e o indie dance, à electrónica sofisticada e exploratória de Tendency, passando pela mistura de afrobeat, funk carioca e amapiano da dj e manequim ZenGxrl, sem esquecer a propulsão irresistível das batidas de Branko, o nome mais famoso deste ecléctico cartaz.

Especialmente para quem gosta de pôr os ouvidos no futuro, bandas de rock formadas por alunos de escolas vocacionais de música do Porto, também eles a atingir a maioridade, dão a conhecer o seu trabalho.

Pela primeira vez, a Orquestra Jazz de Matosinhos apresenta o clarinete como solista num programa que percorre alguns dos temas eternizados pela voz única do instrumento. Para desempenhar o virtuoso papel, a big band convida uma das maiores referências internacionais do clarinete, António Saiote.

AZAR AZAR
DA CHICK dj set

Depois de ter emprestado o seu talento a nomes como Marta Ren, Capicua ou Dealema, entre outros, o teclista e produtor Sérgio Alves traz-nos o projecto pessoal Azar Azar, em cujas composições o jazz é o ponto de partida e de chegada. A viagem vai das raízes da música negra às tendências dominantes da cultura de clube. Nada que seja estranho a Da Chick, artista que, habitando uma linha de cruzamento entre disco, punk, new wave e hip hop, nos pratos é uma máquina de funk.

Uma oficina povoada por personagens maravilhosas e cenários mirabolantes, com música do génio de Salzburgo e muita brincadeira.

A música portuguesa das últimas décadas é a estrela deste concerto. De rapsódias de melodias bem conhecidas a obras de estética modernista, o programa mostra as transformações da escrita para orquestra de sopros em Portugal. À Banda Sinfónica Portuguesa junta-se o clarinetista Carlos Ferreira, que tem desenvolvido uma assinalável carreira internacional.

Compositor e intérprete paulista, parceiro de artistas como Ivan Lins, Lenine, Chico César, Pedro Luís ou Maria Gadú, Leo Bianchini conta já centenas de concertos no Brasil e pela Europa, quer em nome próprio quer com a banda 5 a Seco. Tem na calha um novo álbum.

Abril é o mês do Música & Revolução. Em Ano Alemanha, revolução musical rima com “Escola” de Darmstadt, onde se destacou a figura fulgurante, radical e visionária de Karlheinz Stockhausen. Um intenso fim-de-semana a não perder.

A figura de Stockhausen tutelou e alimentou as vanguardas do pós-Segunda Guerra Mundial. Este concerto apresenta obras deste e de compositores da sua esfera. A espacialidade sonora de Stop contrasta com as texturas das Notations de Pierre Boulez, amigo/rival de Stockhausen. As vanguardas italianas lideradas por Bruno Maderna emergem com uma obra muito particular, Giardino Religioso.

E se encontrássemos um lugar onde aquilo que vemos nem sempre é só o que parece e o que ouvimos é muito mais do que apenas som? E se nesse lugar pudéssemos misturar tudo e criar juntos um dicionário de novos sons e imagens?

O Concerto n.º 1 para oboé e ensemble de Maderna é ilustrativo da tendência das vanguardas musicais para produzirem obras virtuosísticas para solistas. O arranjo das Douze Notations de Boulez intensifica o impulso criador da obra que associa a influência de Messiaen ao serialismo. A secção de Hymnen, obra para electrónica e orquestra baseada em hinos nacionais, encontrou em John Cage um dedicatário prestigiado, cuja abordagem marcou a produção de Stockhausen.

Editado em fevereiro de 2022, Raum é o segundo álbum de estúdio dos Tangerine Dream desde a morte de Edgar Froese, que fundou a banda – um dos maiores expoentes do krautrock, junto com Kraftwerk – há mais de meio século. Segundo a Resident Advisor, este é mesmo “o melhor disco dos Tangerine Dream em décadas”, um elogio impactante tendo em conta a enorme importância do grupo alemão na história da música electrónica. Se há concertos a não perder, aqui está um deles.

Jovem cantautor e multi-instrumentista, Gabriel Pepe promove um cruzamento de folk progressivo, canção portuguesa de intervenção e tropicalismo. Fausto e Tom Jobim são duas das suas principais referências. Entre o existencialista e o onírico, propõe-se realçar o lado espiritual do mundano e o lado mundano do espiritual.

A Sinfonia n.º 5 de Beethoven encarna o espírito iluminista que transcende fronteiras. A visão de uma nova forma de escrever música orquestral enraizou-se a partir dessa obra. Pela sua simbologia, este era o contexto desejado para dar a conhecer a um público mais alargado o trabalho do nosso Serviço Educativo em projectos concebidos para envolver comunidades com necessidades especiais.

Projecto dedicado à juventude, inspira-se na liberdade como fundamento da identidade e história do ser humano. É uma ópera transdisciplinar que canta e conta a relação da liberdade com o nosso património, o seu ir e vir no curso dos acontecimentos.

A música coral alemã encontra-se umbilicalmente ligada à Reforma Protestante encabeçada por Lutero. Incentivando a prática musical comunitária, estabeleceram-se tradições que se expandiram noutras áreas. Do final do Renascimento aos nossos dias, este concerto apresenta obras corais que reflectem a diversidade das práticas vocais nesses territórios.